Ainda escrevo frases fofinhas e checo os e-mails entre uma sessão e outra, mas ser terapeuta constantemente me pede um pouco mais de distanciamento dos sentimentos entre as sessões. Existe um limite saudável de se abster subjetivamente? É realmente possível o distanciamento total de um ‘eu’ enquanto analista?
Essa é uma discussão muito pertinente entre o mundo dos psicólogos, psicanalistas, terapeutas… recentemente ao ler um livro sobre terapia, comicamente acreditando eu ser uma leitura de lazer, percebi que a angustia de ‘ser uma fraude’ paira sobre todos os profissionais que se esforçam um pouco a mais em ser um bom profissional, honrar aquilo que supostamente nós é exigido, pelo conselho e por nós mesmos, eticamente.
O fracasso do analista não está em não possuir uma agenda lotada, acredite se quiser, mas isso está longe dos parâmetros para escolher uma pessoa para acender algumas luzes sobre você, com você. Pessoalmente acredito que o fracasso de um analista está em não conseguir suportar a posição em sessão, algo que apenas ele mesmo e seu próprio analista ou supervisor poderão saber.
Ao longo dos anos foi tensionado que a terapia poderia ou deveria causar uma espécie de cura, algo que claramente nos dias de hoje já pudemos reelaborar para algo mais palpável e menos idealista, facilitando para ambos os personagens nessa aventura que é fazer surgir uma nova história para algo que já aconteceu ao paciente.